diz-se de ouviu-se falar que a inveja anda rondando meus caminhos.
não ligo... me divirto com kafka:
"(...) que impelirá o povo a atormentar-se tanto por causa de Josefina? Enigma tão complexo de resolver quanto o do canto de Josefina e aliás intimamente relacionado com ele. Poder-se-ia eliminá-lo simplesmente e incluí-lo no segundo enigma referido, se fosse possível afirmar que em razão do seu canto o povo é incondicionalmente ligado à Josefina. Mas na verdade não é; nosso povo não sabe o que significa adesão incondicional, nosso povo, que ama acima de tudo a astúcia ingênua, o sussurro infantil e a prosa inocente e inconseqüente, esse povo não pode de modo algum entregar-se incondicionalmente(...)
(...) Não devemos, é claro, exagerar as conseqüências de observações tão genéricas: o povo é realmente ligado a Josefina, mas não de maneira incondicional. Por exemplo: ninguém seria capaz de rir de Josefina, mas admite que certos aspectos seus são risíveis (...)"
(retirado de "Josefina, a cantora ou A cidade dos ratos" que faz parte do livro "A sentença" do f. kafka)
a inveja ressoa, de tão ridícula, lisonjeira (e risível);
e já que é assim, que me invejem pela manhã, antes do sol nascer, quando acordo; ao meio-dia, quando sento no mesmo restaurante every fucking day; alí pelas duas da tarde, quando, de calças arriadas me sinto mais leve e incomodo bastante gente, às escondidas no cômodo do outro lado do corredor; também me invejem às dezesseis horas, quando saio mais cedo que todo mundo do serviço, por que sou estagiário e meu salário é maior que o do meu chefe; à noite, hora que ao invés de estudar vou satisfeito pra casa por que já sei de cor e de trás pra frente o que os professores dirão... enfim, me invejem sempre, inclusive quando rio de mim mesmo, em meio à todo mar rosas em que vivo e consigo, ainda assim, me enxergar como uma Josefina caprichosa, superficial e medíocre, vivendo na cidade dos ratos!
pt saudações
13 outubro 2007
a respeito de tudo - a despeito de todos
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Um comentário:
você sozinho já é invejável, meu amor. nem precisa do kafka.
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